Texto: Salmo 121
1 Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? 2 O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. 3 Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. 4 É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. 5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. 6 De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. 7 O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma (vida). 8 O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.
Introdução:
Para entendermos bem o que o salmista quis expressar quando escreveu este salmo, precisamos entender a realidade em que ele foi escrito. Os montes em redor das cidades eram lugar de adoração a outros deuses, para buscar o socorro destes. De manhã, antes mesmo do sol sair, muitas pessoas iam até os cumes dos montes para acender fogueiras e queimar ofertas nos altares desses deuses, na intenção de acordá-los com a fumaça que subia das ofertas queimadas, para que, assim, eles pudessem gerar proteção ao longo do dia.
Hoje não temos mais altares visíveis, onde queimamos nossas ofertas ou acendemos nossas fogueiras, mas, no entanto, recheamos nosso coração de pequenos altares, erigidos para os mais diversos tipos de deuses, na esperança de que algum deles possa nos servir de socorro em algum momento.
Por mais que pensemos que estamos imunes à idéia de cultuar algum desses pequenos deuses, a verdade é que muitos de nós se entregam, ás vezes sem perceber até, à prática de colocar na criação mais esperança do que deveríamos.
Se você ainda não consegue concordar comigo, te convido a pensar sobre: de onde vem o meu socorro? (tema da mensagem)
Ponto 1: O meu socorro não vem das coisas
Como eu disse, muitos dos que estão dentro da igreja hoje já sucumbiram à prática de colocar na criação mais esperança do que deveriam. Muitos acham que a felicidade está ligada ao ter algum bem específico, e acabam por viver como se este bem é que fosse a fonte de seu socorro.
Ao longo de nossa vida nos acostumamos a perceber que o dinheiro nos abre portas, e isso acostuma mal o ser humano. Quem tem muito dinheiro acaba desenvolvendo uma falsa idéia de onipotência. Passa a se achar imune a tudo, e o dinheiro (ou as coisas que ele consegue) passa a ser nosso socorro.
A falha, nesse caso, é justamente ancorar sua segurança em algo que não pode lhe dar essa almejada segurança. O Apóstolo Paulo nos diz que esse é um erro tremendo, e que as pessoas que agem assim, achando-se sábias, na verdade são loucas, porque “mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (Rm 1:25).
Você pode até pensar: “isso não é pra mim, pois eu sei que minha esperança não está nas coisas”. Ótimo! No entanto, se nosso socorro não está nas coisas, porque vivemos como se elas fossem tão importantes? Por que damos ao trabalho mais importância do que ele merece? Por que precisamos ter dinheiro sempre, e cada vez mais? Por que não aprendemos a cultivar a simplicidade e a viver com pouco?
Para a grande maioria das pessoas a resposta é: “porque, embora eu gostaria de crer de forma diferente, o meu socorro está, sim, nas coisas”!
Não faça isso. Não viva assim. Não deixe a criatura (no caso a matéria, o papel, o metal, as coisas) tomarem o lugar do criador.
Se o meu socorro não vem das coisas, de onde vem o meu socorro?
Ponto 2: O meu socorro não vem das pessoas
Quando falamos em pessoas, precisamos nos lembra que existem dois tipos de pessoas: nós e ou outros. Portanto há os que acham que o socorro está no outro, enquanto alguns acham que o socorre está em suas próprias vidas.
Um jornalista, já falecido, chamado Paulo Francis, disse, certa vez, que acreditava que iria para o céu pelo fato de que Deus, sem dúvida, iria querer lá, no céu, uma pessoa com a inteligência dele. Ele cria nele mesmo. Ele era o seu próprio socorro.
O pastor Paulo Romeiro, no entanto, em seu livro “super-crentes”, escreve uma frase ótima, que nos serve de alerta nessas horas: “Só existe um Deus, e Ele não é você”.
No entanto, para algumas pessoas, como por exemplo os mais novos, ou mulheres que consideram o marido quase um super-herói, o que ocorre é que, ao invés de pecar por confiar excessivamente em si mesmos, peca-se por confiar excessivamente em uma outra pessoa.
Quando isso ocorre, corre-se o risco de achar que a piedade, a santidade, a vida devocional ou a fé dessas outras pessoas, geralmente nossos pais, nossa esposa ou marido, pode nos garantir lugar no céu. ERRADO!
Deixe-me dizer uma verdade. Filhos: os seus pais não têm a capacidade de ser o socorro de vocês. Mulheres: os vossos maridos não têm a capacidade de ser o vosso socorro. E isso porque nenhum deles tem a chave dos céus. A porta dos céus, portanto, eles não podem abrir para ninguém, por mais que vocês, ou que eles mesmos, queiram.
Se o meu socorro não vem das coisas e nem das pessoas, de onde vem, afinal, o meu socorro? Da igreja, certamente!
Ponto 3: O meu socorro não vem da igreja
Certa vez ouvi um pastor falar sobre um aconselhamento que fez. Disse que uma mãe chorava muito, pois havia criado o filho na igreja e o rapaz enveredara pelo mundo do crime. O pastor, então, conhecendo o tipo de educação e de atenção que aquela mulher havia dado ao filho, disse: lugar de se criar filho não é na igreja. É em casa!
Muitas vezes transferimos para a igreja uma tarefa que é nossa, como a de criar filhos, por exemplo. Tudo bem que às vezes isso ocorre por descuido nosso, por falta de tempo, por incapacidade pessoal nossa, por falta de paciência... mas muitas vezes isso ocorre porque nossa esperança é que a igreja consiga salvar meus filhos ou até mesmo a mim.
Isso é fruto de uma mentalidade encharcada com a teologia romanista de que a chave do céu foi dada à igreja por Cristo, e que, por isso, a igreja pode abrir tais portas para nós ou para nossos filhos. ERRADO! Se não podemos depositar nossa fé nas pessoas, também não podemos fazê-lo com a igreja, porque a igreja é um conjunto de pessoas.
Certa vez alguém que estava insatisfeito com a igreja escreveu que ela era como a arca de Noé: só se agüenta o cheiro do lado de dentro por causa do dilúvio do lado de fora! Apesar de eu não gostar dessa afirmação, preciso concordar que os defeitos que há na igreja às vezes nos empurram para fora dela.
Somos a comunidade dos santos, somos o grupo dos eleitos, somos os portadores das boas novas, mas isso não nos torna perfeitos e nem tampouco dá a nós a chave do céu para que possamos abri-lo para ninguém. A igreja não pode nos garantir nada além de instrução, comunhão e suporte. Ela não tem a capacidade de te salvar pelo simples fato de que ela não morreu por você!
Mas afinal, pastor, se o meu socorro não vem das coisas, nem das pessoas, nem tampouco da igreja, de onde vem o meu socorro? Vamos deixar que o salmista responda:
Ponto 4: O meu socorro vem do Senhor
Como eu expliquei no começo, os montes em redor das cidades eram lugar de adoração a outros deuses, para buscar seu socorro. De manhã, antes mesmo do sol sair, muitas pessoas iam até os cumes dos montes para acender fogueiras e queimar ofertas nos altares dos deuses, na intenção de acordá-los, para que assim eles pudessem gerar proteção ao longo do dia.
Quando o salmista eleva os olhos para os montes, vê a fumaça da adoração profana e se pergunta: de quais destes deuses me virá o socorro? E a resposta é: De nenhum. O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
E ele continua dizendo: é Ele, e não outro, que não permitirá que os seus pés vacilem. Não dormitará aquele que te guarda. Em outras palavras: se os deuses de vocês precisam ser acordados, o meu nem mesmo dorme.
E eu quero concluir lendo o final do Salmo: Versículos 7 e 8. “7 O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma (vida). 8 O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre”.
De onde nos vêm o socorro? Das coisas? Das pessoas? Da igreja? Não! O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
Que Ele mesmo nos guarde e nos abençoe.
Amém.
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